"LUX MUNDI Sua Luz Pode Vencer as Trevas do Mundo"

Fraternidade para o futuro

CF 2011 Fraternidade para a vida do planeta

Ao homem foi confiada a missão de ser o jardineiro da terra

No tempo da Quaresma, a CF convoca o povo brasileiro a viver uma vida mais fraterna e solidária, cada ano enfocando um tema diferente. Este ano ela convida todos a fazer o que ainda é possível para diminuir o aquecimento global que vem deteriorando as condições de vida no presente e ameaça o futuro da nossa morada na terra.

Faz tempo que a Igreja fala sobre a problemática do esgotamento iminente dos recursos naturais. Já no ano de 1979, a CF tinha o tema: Preserve o que é de todos. Vários escritos do Papa se referem à necessidade de enfrentar as mudanças climáticas. Em 2010, Bento XVI disse para todos: Se queres conservar a paz, preserve a criação.

A CF do ano passado nos diz que precisamos organizar a economia a serviço de todos. Conviver em fraternidade para o bem comum em paz e justiça no país e no mundo. Cuidar do bem comum é colocar os interesses de todos acima dos interesses pessoais.

Muitos dizem que a culpa pela depredação dos recursos naturais é dos países ricos com seu estilo de vida que não respeita os limites das possibilidades do nosso planeta.

Criticar os outros como causadores dos problemas é fácil, mas não resolve nada, se os pobres que criticam a gastança dos ricos procuram alcançar um padrão de vida igual: morada com todas as comodidades, televisão e computador com todas as novidades, ar condicionado em todos os ambientes, celular da última moda, carro desnecessário, comida farta, roupas elegantes, festas regadas a bebidas, viagens pelo mundo.

Numa Semana Social do século passado avisei que os mais pobres só poderão ter mais, se os mais ricos se contentarem com menos. Tempos atrás ainda valia o argumento desenvolvimentista que alegava que o luxo dos ricos criava empregos para os pobres e sustentava o crescimento. Tal argumento ficou obsoleto diante do esgotamento progressivo dos recursos naturais. Estamos no tempo dos grandes dilemas globais:

1) Colocar em primeiro lugar o crescimento econômico, ou o cuidado ambiental?

2) Diante da disponibilidade limitada de terra e água para a demanda crescente: Produzir alimentos, ou álcool e outros biocombustiveis para gerar energia?

3) Diante da escassez crescente dos recursos hídricos: Continuar a gastar tanta água com agricultura irrigada para produzir alimentos e energia?

4) Diante do aumento da demanda por energia: Construir ou não as novas usinas hidroelétricas que a natureza generosa ainda oferece ao Brasil?

Alguns acrescentam falsos dilemas: Agronegócio, ou agricultura familiar? Modernização com tecnologia, ou empregos com enxada e foice?

Para esses e outros assuntos muito complexos a Bíblia não oferece as respostas e receitas simplórias que alguns pretendem encontrar nas Escrituras e apresentar em nome da Igreja.

A CF de 2011 quer convocar a todos para cuidar do futuro da terra

Todos os católicos, e também as outras pessoas de boa vontade, são convidados a fazer o que podem para enfrentar os problemas causados pelo aquecimento global. Para que perder tempo com acusações aos governantes, ao sistema “capitalista” e “neoliberal”? Para que servem as condenações estéreis da agricultura de exportação com críticas genéricas contra o tamanho das fazendas e contra projetos do governo?

Não vou entrar nos pormenores dos textos da CF, mas não posso deixar de fazer umas ponderações a respeito das hidroelétricas, alvos preferidos de críticos caolhos que só enxergam aspectos negativos nos projetos que querem combater.

Os mesmos setores que hoje combatem o Belo Monte e outras hidroelétricas na Amazônia, eram contra Sobradinho, contra Itaipu, contra Tucuruí, etc. O que seria do Brasil sem Itaipu? O que seria do Nordeste e do Norte sem Sobradinho e Tucuruí?

Os adversários do Belo Monte alegam que haverá desmatamento para criar um lago de quinhentos ou de mil km². Ora, o que são mil km² numa floresta de tres milhões?

Na Amazônia já foram queimadas centenas de milhares de km², até 20 mil km² por ano. Ainda este ano será queimada uma área de floresta dez ou vinte vezes maior que a bela lagoa inteira que vai surgir em Altamira e vai oferecer peixes aos índios e aos outros pescadores.

Até na criação de milhares de empregos alguns enxergam apenas aspectos negativos. Querem que a região fique eternamente deitada em berço esplêndido? Querem que os índios que vivem na região fiquem para sempre sem acesso ao progresso? Querem “proteger” os índios contra “contaminações” com coisas estranhas à cultura deles? Querem que vivam apenas das suas tradições, numa espécie de jardim antropológico onde seus costumes ancestrais possam ser admirados por turistas?

Não me cabe dizer o que é bom para os índios. Cabe às ONGs? Cabe ao Governo? Aos missionários? Em todos esses setores existem opiniões divergentes. Todos dizem que cabe aos próprios índios decidir, mas procuram passar suas próprias idéias. Será que o isolamento contra a cultura importada dos brancos e contra a tecnologia moderna vai ser bom para eles? Não será mais coisa da cabeça dos seus “protetores”, de tutores e antropólogos que procuram fazer a cabeça de muitos? Para índios que preferem uma vida isolada na sombra da floresta não vai faltar espaço, mesmo com todas as usinas que ainda possam ser construídas nos rios. A verdadeira ameaça está nas queimadas.

O Brasil precisa de energia elétrica. Os índios vão querer também, e vão ficar em situação muito melhor. Dentro de poucos anos vai surgir a mesma pergunta que surgiu em torno de hidroelétricas construidas em décadas passadas: Como é que alguém podia ser contra?

Alternativas para substituir a construção de usinas hidroelétricas?

Alguns argumentam com alternativas melhores, que não existem. Ou vão querer substituir a energia limpa das hidroelétricas por usinas movidas a carvão, poluentes e devoradoras de florestas? Ou vão querer continuar com usinas poluentes movidas a óleo trazido por distâncias de mil quilômetros, de caminhão ou de navio?

Quanto às usinas atômicas, depois dos desastres com algumas, ainda querem essas em lugar da energia limpa e segura das hidroelétricas?

Quanto às alternativas de energia limpa: A eólica é interessante, mas muito limitada. Restaria a energia solar, mas não há possibilidade de implantação no ritmo necessário para o progresso do Brasil.

Sou inteiramente a favor do aproveitamento direto da energia solar. Tenho até propostas para isso. É a solução para o futuro. Neste setor, o Brasil ainda é o país de um futuro bem distante, por falta de ação no passado e no presente. Apesar de ter o privilégio de irradiação solar muito maior que outros países mais adiantados nesse ponto, o Brasil está muito atrasado no seu aproveitamento. Nossos juros absurdos tornam inviáveis investimentos que levam vinte anos para dar um retorno financeiro.

A hidroelétrica de Belo Monte envolve aspectos técnicos e econômicos por demais complicados para a Igreja envolver o peso da sua autoridade contra sua construção.

Nem a favor. Cada bispo é livre para dar a sua opinião com seus argumentos, mas a CNBB não tem a competência de cobrar do povo uma participação na propaganda contra o projeto. Já basta a pressão de certas ONGs que pretendem dizer ao Brasil o que deve fazer.

Também não entendo para que servem críticas genéricas ao pré-sal, um achado muito importante para o país. Concordo que não é para apostar todas as fichas no pré-sal. Nosso governo quer ir com muita pressa ao pote do pré-sal. Já quer criar um fundo bilionário com a receita desse petróleo. Acho que a reserva melhor está no próprio petróleo, lá no fundo do mar, num cofre seguro que ninguém consegue arrombar.

Não sabem que o petróleo tem valorização garantida num prazo mais longo, a não ser que o fim do mundo venha antes? Podem anotar essa afirmação, para conferir na próxima década, se antes não ocorrer uma crise mundial sem precedentes. Ou uma boa invenção que aumente o rendimento de motores e máquinas a vapor.

Podem conferir também algumas previsões que fiz na primeira década do Real, sobre resultados previsíveis da nossa política econômica, com os efeitos perversos dos juros absurdos que atrasaram o desenvolvimento do país e resultaram no aumento perigoso da nossa dívida pública interna. Tais juros causaram a transferência de trilhões de reais para os brasileiros mais ricos e para o capital financeiro mundial, recursos subtraídos dos investimentos e serviços públicos mais importantes. Economistas a serviço do grande capital defendem o tamanho dos juros na imprensa, com o pretexto de serem necessários para segurar a inflação, o bicho papão. Favorecem os interesses de quem?

A CF não é para reclamar dos outros, mas para animar a todos a fazer o que podem. Somos convocados a viver uma nova dimensão da Solidariedade, a estender a nossa Fraternidade às futuras gerações, a incluir o futuro nos cuidados com o bem comum.

Entre os críticos de políticos, muitos não fariam melhor se estivessem no lugar deles. Também procuram tirar vantagem em tudo para ter vida boa. Muitos acham que não faz sentido fazer a penitência de renunciar a coisas boas. Não querem renunciar nem a coisas prejudiciais para outros. Nem para si mesmo: cigarros, drogas, brigas, exageros na comida e bebida (e ainda dirigem depois), etc… Não conseguindo submeter-se a uma disciplina alimentar, muitos procuram operações estéticas complicadas, neste mundo onde muitos estão doentes por falta de comida, e outros por comer demais.

Está na hora de um novo tipo de penitência para todos: Reduzir o consumo de coisas desnecessárias. O mundo precisa de uma nova pregação quaresmal: Convertei-vos e contentai-vos com um padrão de vida mais modesto! Aprendei a viver num estilo de vida menos gastador!

Se surgir tal pregador, será uma voz clamando no deserto. Será que vai conseguir evitar a continuação da desertificação no sertão e no cerrado, e em grandes áreas da África e do Oriente? Ouvi dizer que só no Nordeste são desmatados 3000 km² de caatinga por ano. Parte da terra desmatada nem se aproveita para plantar.

O Brasil é um dos maiores causadores do aquecimento global, principalmente pelas queimadas que não só provocam poluição da atmosfera e aquecem diretamente o ar, mas ainda matam florestas, consideradas o pulmão do mundo. Por outro lado, o nosso país pode dar a maior contribuição para melhorar, em duas frentes:

Pela diminuição das queimadas na Amazônia e em outros lugares.
Pelo reflorestamento no sertão e em outras áreas degradadas.

Não fico apenas a dizer o que fazer. Tento fazer a minha parte. Para plantar florestas em áreas secas, inventei um método de irrigação que gasta muito menos água. Para quem quiser ver para crer já posso mostrar uma pequena floresta no sertão da Bahia.

Jequié, Março de 2011 www.domcristiano.com.br

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